João Felipe Maia Dias/IFTO campus Araguatins/jmaia795@Gmail.com
Erica Ribeiro de Sousa Simonetti/IFTO campus
Araguatins/erica.simonetti@ifto.edu.br
Nortton Balby Pereira Araujo/IFTO campus Araguatins/nortton_b@hotmail.com
José Felipe Tavares de Almeida/IFTO campus Araguatins/jfelipe.bol@gmail.com
Prof. Dr. Samuel de Deus da Silva/IFTO campus
Araguatins/samuel.silva@ifto.edu.br
Eixo Temático: Agroecologia e Produção Orgânica
1.
Introdução
Originária da
região do mediterrâneo, a alface (Lactuca
sativa L.) é a hortaliça folhosa de maior consumo no mundo, sendo consumida
principalmente in natura em forma de
saladas (SALA; COSTA, 2012). No Brasil, a alface é uma das hortaliças mais
consumidas Silva et al. (2000), destacando-se principalmente como fonte de sais
minerais, de vitaminas (COMETTI et al., 2004) e também, contendo baixo valor
calórico (FERREIRA, 2015).
A cultura da
alface tem ocupado uma posição de destaque no âmbito social e econômico no
Estado do Tocantins. Reforça que com isso, tem sido uma boa fonte de renda para
inúmeras famílias, uma vez que fixa mão-de-obra no campo, gera imposto e dá um
sentido mais amplo no processo de exploração olerícola (MONMENTÉ et al., 2004).
Seu cultivo é
realizado durante todo o ano, com menor área cultivada no período do verão
devido à ocorrência de chuvas e temperaturas elevadas nesse período (FERREIRA,
2015), prejudicando seu desenvolvimento, bem como aumenta o ataque de pragas e
doenças (GONÇALVES, 2002; NUNES, 1986), como o pendoamento precoce, visto que,
do ponto de vista comercial é indesejável (MONMENTÉ et al., 2004).
Para Rodrigues
(2015) a utilização de novas técnicas de cultivo é importante para a região e
para os produtores, que buscam alternativas plausíveis para o aumento da
produtividade e redução de custo de produção. Uma forma de reduzir os impactos
causados por fatores climáticos na cultura da alface é a utilização de cultivo
protegido. Neste contexto, aponta-se a Plasticultura como meio alternativo nas
áreas de produção de olerícolas. A Plasticultura teve seu início no Brasil nos
anos 70, sendo utilizado primeiramente na cultura do morango, como “mulching”,
e em seguida houve uma expansão na olericultura.
A técnica da
cobertura do solo, também conhecida como “mulching”, pode ser empregada através
do uso de plásticos, material orgânico e outros (RODRIGUES, 2013). Com a
técnica do “mulching”, há precocidade da produção e crescimento da
produtividade, menor compactação do solo, redução de plantas daninhas (LAMONT,
1993), maior economia de água (MOTA et al., 2010) e redução do uso de insumos,
como fertilizantes (fertirrigação) e defensivos (PURQUERE & TIVELLI, 2009).
Diante disso, quais materiais são sustentáveis para cobertura de canteiros em
hortaliças?
2.
Metodologia
A pesquisa é do tipo descritiva exploratória,
de cunho qualitativa, no qual analisou-se os benefícios da cobertura de solo, é
do bibliográfica , recorrendo-se a teses, dissertações , artigos como fonte
secundária de pesquisa.
3. Resultados/Discussões
Seabra Junior
et al. (2010) comenta que o cultivo a campo aberto proporciona maior
irradiância que os ambientes protegidos, esse fator favorece o cultivo em
períodos com temperaturas que beneficia o desempenho da espécie, principalmente
se utilizar uma cultivar adequada para a região.
Já Monmenté
(2004) ressalta que, mesmo a utilização de cultivares de verão as questões
climáticas tornam-se um fator limitante no cultivo da alface. Pois, a
temperatura é o principal fator que interfere no desenvolvimento da planta (MALAVOLTA
et al. 1997), alterando a textura das folhas tornando-as mais fibrosas (SETÚBAL;
SILVA, 1992).
Além disso, a
água é o componente importante para o metabolismo vegetal, sendo, a cultura uma
das hortaliças mais exigentes em água, tendo-se que manter o teor de água no
solo acima de 80% da capacidade de água disponível durante o ciclo (PEREIRA;
LEAL, 1989).
Inicialmente, o
material utilizado como cobertura de solo pelos produtores é o resíduo vegetal
obtidos na propriedade como, folha de banana, capim, serragem e outros, como
também, resíduos agroindustriais. Sendo que, o uso desse refugo preserva a
microbiota do solo, aumenta a qualidade do produto, do meio ambiente, aumentando
o lucro do produtor (RODRIGUES, 2015).
Oliveira et al.
(2008) avaliaram diferentes tipos de cobertura morta, como, o bagaço de
cana-de-açúcar, bambu, capim camerron, crotalária, guandu, eritrina, gliricídia
e controle (solo sem cobertura morta). Verificaram ao final do ciclo de cultivo
da alface todas as coberturas mortas foram eficientes no controle da vegetação
espontânea reinfestante. Resende et al. (2005) analisaram que as coberturas com
casca de arroz, maravalha e serragem favoreceram maior sobrevivência de plantas
de cenoura. Já Maluf et al. (2004) utilizando plantio direto com a palhada de
aveia verificaram um aumento da massa fresca na alface, alcançando 540,06 g cabeça-1.
O agrotêxtil
(TNT) confere sua eficiência para a expansão da produção, e também, na ampliação
da qualidade do produto obtido. Quanto aos seus benefícios, tem-se aumento do
enraizamento das mudas e antecipação a época do transplante da
mandioquinha-salsa (REGHIN et al., 2000).
Houve também, a
redução da incidência e da severidade de Alternaria
sp. bem como a prevenção ao pendoamento precoce em plantas como a
couve-chinesa (MIGUEL et al., 1992). Entretanto, há desvantagens
quanto à fragilidade no manuseio, dificuldade no controle de ervas daninhas e
adubação de cobertura o que demanda sua remoção (HUBER, 1989).
Foram
realizados estudos com diversos materiais e obtiveram que o filme plástico de
baixa densidade (PEBD) evidenciou-se dos demais, assim, sendo empregado na
cobertura de solo. Todavia, ao se cobrir o solo, também são modificados
parâmetros importantes do microclima, como a temperatura do solo, cujas
amplitudes variam com a absortividade e condutividade térmica do material utilizado
na cobertura (FERREIRA, 2015).
O mulching aumenta a radiação refletida,
reduz a temperatura do solo e a evaporação de água, impedindo a formação de
crostas superficiais e favorecendo a emergência das plantas (SAUER et al.,
1998). Segundo Rodrigues (2009) os materiais polietileno têm melhores
resultados quando utilizados em épocas de temperaturas amenas, pois proporciona
melhor mineralização dos nutrientes e metabolismo da planta.
No caso de
filmes prateados, são capazes de refletirem a maioria dos raios solares,
propagando pouca energia aos solos, constituindo-se num dos materiais
sintéticos mais pertinentes para regiões quentes, como é o caso da região
Nordeste do Brasil (SGANZERLA, 1995). Verdial et al. (2000) avaliaram a
utilização de mulching plástico dupla
face (prateado/preto) viabilizou maior produtividade e melhor qualidade das
plantas de alface cultivar Lucy Brown.
Em
Seropédica-RJ, (GONÇALVES, 2015) avaliou a utilização do papelão sobre a
umidade e temperatura nas camadas superficiais do solo em espécies arbóreas
nativas da Mata Atlântica e verificou menor oscilação no teor de umidade do
solo em comparação aos demais tratamentos, e manteve a temperatura do solo até
8,5 °C mais baixo na camada de 0 a 10 cm, em relação ao tratamento feito o
coroamento com enxada.
4.
Considerações
Finais ou Conclusões
Nesse contexto,
o emprego da cobertura de solo destaca-se, principalmente, após o surgimento
dos filmes plásticos, que vem possuindo uma maior visibilidade, devido à sua
praticidade de aplicação e, sobretudo, pelas vantagens averiguadas que trazem
aos cultivos Sganzerla (1995). No
sentido de proteção é importante destacar os meios de cobertura do solo,
podendo ser orgânicos e até mesmo inorgânicos, promovendo uma série de
benefícios, tais como formar barreira para redução de plantas invasoras,
manutenção da umidade no solo, reduzir oscilação térmica no solo, entre outros
aspectos favoráveis. Desta forma, respeita-se ou busca atender os princípios da
agricultura sustentável. Ainda assim, há uma necessidade de descobrir
alternativas de materiais sustentáveis e recicláveis que podem está sendo
empregado na agricultura familiar.
5.
Referências
Bibliográficas
COMETTI, N. N.;
MATIAS, G. C. S.; ZONTA, E; MARY, W.; FERNANDES, M. S.
Compostos nitrogenados e açúcares solúveis em tecidos de alface orgânica,
hidropônica e convencional. Horticultura
Brasileira, v. 22, p. 748-753, 2004.
FERREIRA, T. A.; Modalidades
e épocas de cultivo de alface em Gurupi-TO, dissertação, 2015.
GONÇALVES, Fernando Lima Aires, Efeito do coroamento com
papelão na supressão de
gramíneas e no crescimento de espécies arbóreas. 2016 70f. Dissertação
(Mestrado em
Ciências Florestais e Ambientais). Instituto de Florestas, Departamento de
Silvicultura,
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, RJ, 2015.
HUBER, P. Non-woven fabrics and plastics nets for vegetable crop
protection. Plasticulture
n. 81, p. 42-50, 1989.
LAMONT Jr., W. J. Plastic mulches for the
production of vegetable crops. Hort
Technology, v. 3, n. 1, p. 35-39, 1993.
MALAVOLTA, E., VITTI, G.C.,
OLIVEIRA, S.A. Avaliação do estado nutricional
das plantas. Piracicaba: POTAFOS, 1997.
319p.
MALUF, L. E. J. Maluf et al. Avaliação
de Cultivares de Alface Americana em Diferentes Tipos de Cobertura Morta
. In: Congresso Brasileiro de Olericultura, 2004, Campo
Grande. Anais... Campo Grande: [s.n.], 2004. p.
492-493. v. 44.
MIGUEL, A.; SERRA, J.;
SERRANO, E. Ensayo de cultivo de lechuga bajo malla. Phytoma España, n. 37, p. 20-26, 1992.
MOMENTÉ, V. G. Avaliação de Cultivares de Alface na Região de
Gurupi-TO. Horticultura
Brasileira, Brasília, v. 22,
suplemento CD-ROM, 2004.
MOTA, J. C. A.;
LIBARDI, P. L; BRITO, A. dos S.; ASSIS JÚNIOR, R. N. de; AMARO FILHO. J.
Armazenagem de água e produtividade de meloeiro irrigado por gotejamento, com a
superfície do solo coberta e desnuda. Revista Brasileira de Ciência do Solo,
Viçosa, MG, v. 34, p. 1721-1731, 2010.
NUNES, M. U. C Produtividade de cultivares de alface (Lactuca
sativa L.) sob cobertura
plástica e em campo aberto no Acre. EMBRAPA, Comunicado Técnico n. 44, 3p.
1986.
OLIVEIRA, F. F.;
GUERRA, J. G. M.; ALMEIDA, D. L.; RIBEIRO, R. L. D.; ESPINDOLA, J. A. A.;
RICCI, M. S. F.; CEDDIA, M. B. Avaliação de coberturas mortas em cultura de
alface sob manejo orgânico. Horticultura Brasileira,
Brasília, DF, v. 26, p. 216-220, 2008.
PEREIRA, C. Z.;
DOMINGOS, S. R.; GOTO, R. Cultivo de alface tipo americana no verão, com
diferentes tipos de solo. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 18,
p.491-492, jul. 2000. Suplemento.
PEREIRA, N. N. C., LEAL, N. R. (Coord.) Recomendações para a cultura da alface. Inf.Técn. PESAGRO-Rio, v. 21, p.1-12,
1989.
PURQUERE L. F. V; TIVELLI S. W. Manejo do ambiente em cultivo protegido.
Disponívelem:<http://www.iac.sp.gov.br/Tecnologias/MANEJO_Cultivo_Protegido/Manejo_Cultivo_protegido.htm>
Acesso em: 07 de jun de 2017.
REGHIN, M. Y.; OTTO, R. F.;
SILVA, J. B. C. da. “Stimulate Mo” e proteção com “Tecido não Tecido” no
pré-enraizamento de mudas de mandioquinha-salsa. Horticultura Brasileira, v. 18, n. 1, p. 53-57, 2000.
RESENDE, F. V. et al. Uso de
cobertura morta vegetal no controle da umidade e temperatura do solo, na
incidência de plantas invasoras e na produção da cenoura em cultivo de verão. Ciência e Agrotecnologia, v.
29, n. 1, p. 100-105, 2005.
RODRIGUES,
D. S.; NOMURA, E. S.; GARCIA, V. A.. Coberturas de solo afetando a produção de
alface em sistema orgânico. Ceres,
v. 56, n. 3, 2015.
RODRIGUES,
M. A. et al. Boas práticas agroecológicas em horticultura urbana. In: VII Congreso Ibérico de
Agroingeniería y Ciencias Hortícolas. SECH, 2013.
SALA,
F C.; COSTA, C. P. Retrospectiva e tendência da alfacicultura brasileira. Horticultura
Brasileira, Brasília, DF, v. 30, p. 187-194, 2012.
SAUER,
T. J.,
HATFIELD, J. L., PRUEGER, J. H., NORMAN, J.
M. (1998). Surface energy balance of a
corn residue-covered field. Agricultural
and Forest Meteorology. v. 89, p.155-168.
SEABRA JUNIOR, S.;
SANTOS, L. L. ; NUNES, M. C. M. LUMINOSIDADE, TEMPERATURA DO AMBIENTE E DO SOLO
EM AMBIENTES DE CULTIVO PROTEGIDO. Revista de Ciências Agro-Ambientais
(Impresso), v. 8, p. 83-93, 2010.
SETUBAL W. J.; SILVA A. R. Avaliação
do comportamento de alface de verão em condições de calor no município de
Teresina-PI. Teresina: UFPI, 17p. 1992.
SGANZERLA E. 1995. Nova Agricultura: a fascinante
arte de cultivar com plásticos.
4ed. Porto Alegre: Plasticultura Gaúcha. 303p.
SILVA, V. F.; BEZERRA
NETO, F.; NEGREIROS, M. Z.; PEDROSA, J. F. Comportamento
de cultivares de alface em diferentes espaçamentos sob temperatura e
luminosidade elevadas. Horticultura
Brasileira, Brasília, v. 18 n. 3, p. 183-187, 2000.
VERDIAL M. F.; LIMA M. S; MOGOR A. F.; GOTO R.
2000. Comportamento da alface tipo americana sob diferentes coberturas desolo. Horticultura
Brasileira. v.18,
p. 486-488 (Suplemento).